Viajo no tempo e acesso sentimentos de profunda saudades.
É quase impossível nomear o misto de emoções que afloram num borbulhar que logo deságua numa espécie de amargor.
Nestes momentos de lembranças que rechearam a minha vida sinto-me extremamente só, como se tivesse sido deixado, abandonado ao meu próprio destino.
Dirijo meus olhos para esse espaço infinito, coroado de estrelas, nessa imensidão de vidas espalhadas e me pergunto:
– Onde é o meu lar?
Ao mesmo tempo, sinto o apelo do corpo denso que me impele a fincar no Planeta Azul minhas bases evolutivas e aqui permanecer até que consiga expulsar todo fel que me acompanha nesse longo espaço cósmico.
As vezes invejo as almas simples, que se resignam a seu destino sem questionar, que caminham pela vida contentando-se com as migalhas que são deixadas pelos donos do poder.
Queria poder simplesmente aquietar e compreender esse grande mistério para aplacar minha revolta e me ajustar a essa proposta necessária de aqui, habitar.
Vez ou outra me esqueço das origens e finjo que pertenço a isso aqui, é doloroso, embora já tenha constatado algumas vantagens da “queda”, como viver dentro de um corpo limitado para lhe dar a dimensão entre o querer e o poder. Ao mesmo tempo, as limitações mentais impedem-me de usá-las plenamente no exercício da dominação.
Enfim, concluo que tudo isso se tornou um meio para me conduzir de volta ao roteiro, e inevitavelmente pagar o preço por não ter respeitado a Grande Lei.

Humanos, temos muito a aprender e principalmente mudar.
Hoje, o lar é aqui!
por um Viajante no tempo